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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
RAÍZES RELIGIOSAS DO BRASIL
Antes da chegada dos portugueses às terras onde hoje é o Brasil, aqui já estavam os índios que tinham suas próprias crenças e rituais.
Os portugueses trouxeram a religião Católica com os missionários jesuítas, com os padres José de Anchieta e Manoel da Nóbrega. Pouco depois, os africanos foram trazidos da África como escravos também com todos os seus costumes e crenças, muito variados de um grupo para outro.
Anos mais tarde, aportaram aqui os imigrantes alemães, japoneses, italianos, árabes, etc, e vários desses grupos trouxeram outras formas de religião e outras igrejas.
Mesmo com toda a diversidade de crenças existente no Brasil, durante muito tempo quem não fosse católico era malvisto e até perseguido. Hoje, estamos aprendendo a conviver em paz e com respeito.
A POESIA E OS ÍNDIOS
O poeta Castro Alves, no século XIX, admirava a coragem dos jesuítas, que vinham ao Brasil com o ideal de pregar a fé cristã aos indígenas. Em um de seus poemas escreveu:
O martírio, o deserto, o cardo, o espinho,
A pedra, a serpe do sertão maninho,
A fome, o frio e a dor,
Os insetos, os rios, as lianas,
Chuvas, miasmas, setas e savanas,
Horror e mais horror...
Nada turbava aquelas frontes calmas,
Nada curava aquela grandes almas,
Voltadas p’ra amplidão...
No entanto, eles só tinham na jornada
Por couraça – a sotaina esfarrapada...
E uma cruz – por bordão.
(Castro Alves. Trecho do poema “Jesuítas”, do livro Espumas Flutuantes. Cotia: Ateliê Editoria, 2005)
Os jesuítas queriam ensinar aos índios sobre Jesus e não lhes faziam mal, mas havia com eles homens que guerreavam e escravizavam os indígenas – e algumas vezes os jesuítas não ofereceram a oposição que deveriam. Hoje, muita gente critica essa postura dos jesuítas, embora reconheça sua importância como primeiros educadores do Brasil.
Outro poeta da mesma época de Castro Alves, Gonçalves Dias, imaginou os índios orando a um de seus deuses, Tupã, para se queixar dos brancos que chegaram e destruíram suas tribos.
Tupã, ó Deus grande! Teu rosto descobre:
Bastante sofremos com tua vingança!
Já lágrimas tristes choraram teus filhos,
Teus filhos que choram tão grande mudança.
(Gonçalves Dias. Trecho do poema “Deprecação”, do livro Primeiros Contos. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.)
O CANDOMBLÉ BRASILEIRO
Quando os africanos foram trazidos para o Brasil, trouxeram consigo suas crenças e tradições. Mas muitas vezes, eles foram proibidos de cultuar sua fé. Um grande estudioso do Candomblé no Brasil foi o francês Roger Bastide, que percorreu o país pesquisando o assunto, nas décadas de 1940 e 1950. E ele conta de forma poética:
“Ao longo de todo o litoral atlântico, desde as florestas da Amazônia até a própria fronteira do Uruguai, é possível, descobrir no Brasil, sobrevivências religiosas africanas. Mas, a Bahia, com seus candomblés em que, nas noites mornas dos trópicos, as filhas de santo dançam ao martelar surdo dos tambores, permanece a cidade santa por excelência. Os candomblés pertencem a “nações” diversas e perpetuam, portanto, tradições diferente (...). É possível distinguir essas “nações” uma das outras pela maneira de tocar o tambor (seja com a mão, seja com varetas), pela música, pelo idioma dos cantos, pelas vestes litúrgicas e, algumas vezes, pelos nomes da divindades.”
(Roger Bastide. O candomblé da Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2001)
A CONSTITUIÇÃO E AS RELIGIÕES
Hoje em dia, a lei brasileira garante o respeito a todas as religiões e culturas. Veja o que dia a Constituição brasileira, a lei máxima que rege o nosso país, assinada em 05 de outubro de 1988:
Art. 5º (...)
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias.
(Extraído de: http://www.senado.gov.br)
G L O S S Á R I O
BORDÃO →Bastão para apoio.
CARDO →Plantas de folhas espinhosas.
COURAÇA →Armadura
DEPRECAÇÃO →Súplica
FILHAS DE SANTO →Sacerdotisas
INVIOLÁVEL →Acima da justiça, protegido
LIANAS →Trepadeiras semelhantes a cipó
LITÚRGICAS →Utilizadas nos rituais religiosos
MANINHO →Selvagem
MARTÍRIO →Sofrimento
MIASMAS →Podridões
POR EXCELÊNCIA →No mais alto grau
SAVANAS →Planícies de regiões trópicas
SERPE →Serpente
SOTAINA →Batina de padre
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