domingo, 15 de março de 2015

A MISSÃO DE JESUS

Jesus cresceu ao lado de Maria e de José, ajudando seu pai na carpintaria. Quando completou 40 anos, saiu de casa e foi dedicar-se à sua missão, que durou apenas três anos. Saiu a fazer suas pregações, convidando as pessoas a segui-lo. Conquistou muitos discípulos: a maioria gente do povo, pescadores da região, entre os quais escolheu doze para serem os apóstolos do seu Evangelho. Entre eles estavam Pedro, André, Tiago Mateus e João. Algumas mulheres também o seguiam: Madalena, Marta, Miriam, Joana de Cusa. Ele andava pelos caminhos, pelos montes, à beira dos lagos, com uma túnica simples e cabelos longos. Curava os cegos, os paralíticos, os leprosos; acolhia as criancinhas, os velhos, os homens e as mulheres; contava histórias; dizia coisas que jamais alguém tinha ouvido. O povo seguia com admiração. Onde quer que fosse, multidões o acompanhavam. Certa vez, depois de horas em que uma grande multidão o estava ouvindo do alto de um monte, fez multiplicarem-se cinco pães e dois peixes: sem que ninguém pudesse explicar, surgiram cestos e mais cestos de pães e peixes, que mataram a fome do povo. As curas que Jesus realizava também impressionavam. Apenas com um olhar seu, às vezes com um só toque de suas mãos ou suas vestes, doentes libertavam-se de antigos males, cegos ganhavam a visão e paralíticos voltavam a andar. Sua sabedoria confortava as almas sofredoras e ele dizia: “Vinde a mim, todos vós que andais sobrecarregados, e eu vos aliviarei” – (Mateus 11.28). Assim confirmava o que dissera Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim: o Senhor fez de mim um messias, Ele me enviou a levar alegres mensagens aos humilhados, medicar os que têm coração confrangido, proclamar aos cativos a liberdade (...)”. (Isaías 61.1 – Tradução Ecumênica da Bíblia – São Paulo: Edições Loyola e Paulinas, 1996.) Os ensinamentos de Jesus eram diferentes das leis que os judeus e os romanos conheciam: Jesus dizia as pessoas que perdoassem umas às outras, que jamais se vingassem do mal que tivessem recebido e ajudasse o próximo sem querer nenhuma recompensa. E ele mesmo dava o exemplo de tudo isso.

HISTÓRIA E ORIGEM DA PÁSCOA

INTRODUÇÃO: Desde o mundo antigo, a páscoa consiste em uma das mais importantes datas do calendário de festividades do mundo cristão. Sua mais conhecida conotação religiosa se vincula aos três dias que marcam a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Entretanto, muitos estudiosos tentam dar outra interpretação a esse fato, trazendo uma consideração, uma visão menos denotativa à história da ressurreição. Em uma perspectiva histórica da formação das crenças cristãs, alguns estudiosos apontam que o cristianismo, ao florescer em sociedades marcadas pelo politeísmo e por várias narrativas míticas, acabou incorporando a ideia de imortalidade presente em outras manifestações religiosas. De acordo com os pesquisadores M. Goguel, C. Guignebert, e A. Loisy, a morte trágica seguida do processo de ressurreição vinculada a Jesus em muito se assemelha às histórias de outros deuses como Osíris, Attis e Adônis. Estudos mais recentes apontam que essa associação entre a páscoa cristã e outras narrativas mitológicas está equivocada. A própria concepção de mundo e as funções pelas quais o processo de morte e ressurreição assumem nas crenças orientais e greco-romanas não podem ser vistas da mesma maneira que na construção do ideário cristão. O estudioso A. D. Nock aponta para o fato de que no cristianismo a crença na veracidade da história bíblica é uma chave fundamental de seu pensamento ausente na maioria das religiões que coexistiram na Antiguidade. Interpretações mais vinculadas à própria cultura judaica e à narrativa Bíblica apontam a Páscoa como uma nova resignificação da festividade de libertação dos hebreus do cativeiro egípcio. Nessa visão, a libertação do cativeiro, enquanto um episódio de redenção do povo hebreu, se equipararia à renovação do Cristo que concedeu uma nova esperança aos cristãos. Apesar de a narrativa bíblica afirmar que o episódio da ressurreição foi próximo à festa judaica, a definição do dia da Páscoa causou uma contenda junto aos representantes da Igreja. No ano de 325, durante o Concílio de Niceia houve a primeira tentativa de se estabelecer uma data que desse fim às contendas com respeito ao dia da Páscoa. Mesmo tentando resolver a questão, só no século XVI – com a adoção do calendário gregoriano – as dificuldades de se precisar a data da páscoa foram amenizadas. A data ficou estipulada no primeiro domingo, após a primeira Lua cheia do Equinócio da Primavera, entre os dias 21 de março e 25 de abril. Mesmo sendo alvo de tantas explicações e contendas, a Páscoa marca um período de renovação entre os cristãos, onde a morte de Jesus deve ser lembrada com resignação e alegria. Ao mesmo tempo, traz aos cristãos a renovação de todo um conjunto de valores fundamentais à sua prática religiosa. HISTÓRIA DA PÁSCOA A páscoa, ou Pessach (passagem em hebraico), possui três significados. Para os cristãos é um acontecimento religioso considerado pelas igrejas ligadas a essa corrente religiosa como a maior e mais importante festa da cristandade, onde é celebrada a ressurreição de Cristo, ocorrida três dias após sua crucificação, de acordo com o Novo Testamento. Para os judeus, o Pessach determina o fim da escravidão de quatro séculos no Egito. O terceiro significado da Páscoa é pouco conhecido. Relata-se sobre uma festa de grupos pastoris que viviam na terra de Canaã no segundo milênio antes de Cristo. No final das chuvas, entre março e abril, eles abandonavam suas terras e viajavam para a região das planícies, mais férteis. A festa da Páscoa pedia proteção durante a travessia. A palavra páscoa não está relacionada unicamente com o significado simbólico de “passagem”, mas também pela posição da páscoa no calendário, segundo os cálculos se referem à última ceia. Na tradição moderna a páscoa é marcada pela troca de ovos de chocolate. Alguns historiadores sugerem que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa, como os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da páscoa são vestígios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, posteriormente foram aprendidas pelas celebrações cristãs, depois da cristianização dos pagãos germânicos. Um ritual adaptado pela Igreja Católica no começo do 1o milênio depois de Cristo que fundiu com a festa da Páscoa, ocorreu no equinócio da primavera, quando os participantes pintavam e decoravam ovos e os escondiam, enterrando-os em tocas nos campos. A PÁSCOA CRISTÃ Os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó passaram mais de quatrocentos anos escravizados no Egito, assim, Deus decidiu libertá-los dessa escravidão. Moisés foi o escolhido por Deus para libertar o povo, sendo, então, o líder do êxodo. Moisés, atendendo ao chamado de Deus, foi ter com Faraó, transmitindo-lhe a mensagem divina: “Deixa ir meu povo para que me sirva”. A fim de provar a Faraó a vontade divina, Moisés invocou pragas contra o Egito. As pragas começaram a ser lançadas, mas assim que se cessavam Faraó continuava a pecar, mantendo-se contra a vontade de Deus. Assim, a décima e última praga fora lançada - Deus enviou um anjo destruidor através da terra do Egito a fim de ceifar a vida de todo primogênito: “E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR.” (Ex. 12.12). Contudo, como os israelitas também habitavam no Egito, o Senhor Deus enviou uma ordem ao seu povo. Cada família deveria tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito, e sacrificá-lo ao entardecer do dia quatorze do mês de Abibe; as famílias menores poderiam dividir um único cordeiro. Parte do sangue do cordeiro sacrificado deveria ser passada nas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Assim, o anjo, ao passar por aquela terra, passaria por cima daquelas casas que tivessem o sangue sobre elas – daí o termo Páscoa, do hebreu pesah, que significa “pular além da marca”, “passar por cima” ou “poupar”. Assim, os israelitas foram protegidos da morte, através do sangue do cordeiro morto. É importante ressaltar que Deus ordenou o sinal de sangue não porque Ele não era capaz de identificar seu povo, mas porque queria ensinar a eles sobre a importância da obediência e da redenção pelo sangue, preparando-os para o advento do “Cordeiro de Deus”, que séculos mais tarde tiraria o pecado do mundo (“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” Jo 1,29b). Naquela noite os israelitas deveriam estar preparados para viajar. Eles deveriam assar o cordeiro, preparar ervas amargas e pães sem fermento (na Bíblia, o fermento simboliza, normalmente, o pecado e a corrupção; esses pães asmos simbolizavam a separação entre os israelitas redimidos e o Egito). O povo deveria estar pronto para a refeição ordenada ao anoitecer, a fim de partir apressadamente. Assim se fez, tal como o Senhor dissera. O povo de Deus, a partir desse momento da história, passou a celebrar a Páscoa em toda primavera, já que as instruções divinas relatavam ser essa celebração um “estatuto perpétuo”, conforme o livro de Exôdo 12.14: “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.” Assim, em cada páscoa, os israelitas, juntamente com suas famílias, sacrificavam um cordeiro, retiravam de suas casas todo fermento e comiam ervas amargas e contavam a história de seus ancestrais, de como viveram o êxodo na terra do Egito e a libertação da escravidão ao Faraó – era dever dos pais usar a Páscoa para ensinarem aos filhos a verdade sobre a redenção da escravidão e do pecado, que Deus efetuara em seu favor e que através disso fez deles um povo especial sob seus cuidados. Nos tempos do Novo Testamento, os judeus (israelitas) observavam a Páscoa da mesma maneira. Jesus, aos doze anos de idade, foi levado a Jerusalém por seus pais para a celebração da Páscoa (Lc 2.41-50), posteriormente, Jesus participou dessa celebração em Jerusalém a cada ano. A última ceia de que Jesus participou com seus discípulos em Jerusalém, pouco antes da cruz, foi a refeição da Páscoa. Para os cristãos, a Páscoa tem o propósito de lembrar a salvação em Cristo e da redenção do pecado e da escravidão a Satanás, pois Jesus foi crucificado na Páscoa, como cordeiro pascoal (1 Co 5.7), que liberta do pecado e da morte todos aqueles que nEle creem. ORIGEM DO OVO DE PÁSCOA Na Páscoa, a celebração da morte e ressurreição de Cristo serve como um momento especial para que os cristãos reflitam sobre o significado da vida e do sacrifício daquele que fundou uma das maiores religiões do mundo. Contudo, muitos não conseguem visualizar qual a relação existente entre essa celebração de caráter religioso com o hábito de se presentear as pessoas com ovos de chocolate. Para responder a essa pergunta, precisamos voltar no tempo em que o próprio cristianismo estava longe de se tornar uma religião. Em várias antigas culturas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, observamos que o uso do ovo como presente era algo bastante comum. Em geral, esse tipo de manifestação acontecia quando os fenômenos naturais anunciavam a chegada da primavera. Não por acaso, vários desses ovos eram pintados com algumas gravuras que tentavam representar algum tipo de planta ou elemento natural. Em outras situações, o enfeite desse ovo festivo era feito através do cozimento deste junto a alguma erva ou raiz impregnada de algum corante natural. Atravessando a Antiguidade, este costume ainda se manteve vivo entre as populações pagãs que habitavam a Europa durante a Idade Média. Nesse período, muitos desses povos realizavam rituais de adoração para Ostera, a deusa da Primavera. Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava um coelho saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. A entrada destes símbolos para o conjunto de festividades cristãs aconteceu com a organização do Concilio de Niceia, em 325 d.C.. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideário cristão. A partir de então, observaríamos a pintura de vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria. No auge do período medieval, nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com o uso de ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. Até que chegássemos ao famoso (e bem mais acessível!) ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária e, antes disso, a descoberta do continente americano. Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação desse alimento sagrado no Velho Mundo. Somente duzentos anos mais tarde, os culinaristas franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História. Depois disso, a energia desse calórico extrato retirado da semente do cacau também reforçou o ideal de renovação sistematicamente difundido nessa época. ORIGEM DO COELHO DE PÁSCOA O Coelho da Páscoa é um símbolo que tem origem em mitos e ritos germânicos e em sua articulação com a tradição cristã na Idade Média. Hoje em dia, sobretudo nos países ocidentais, o símbolo do coelho é, seguramente, um dos mais associados à data da Páscoa, apesar de não estar atrelado ao significado cristão propriamente atribuído a essa data, isto é, a Ressurreição de Cristo. Para compreender os motivos dessa associação e, mais, para compreendermos o porquê de o coelho ter a “função” de “trazer os ovos” – hoje em dia, de chocolates – da Páscoa, precisamos revistar a história. O coelho é um animal que simboliza fertilidade graças à sua intensa prática reprodutiva. Desde civilizações bem antigas, como a egípcia, a ligação entre coelhos e fertilidade, primavera, nascimento, etc., é estabelecida. Na Europa, os povos germânicos, que habitavam a região norte – atualmente, a Alemanha –, possuíam uma narrativa mítica sobre uma deusa da fertilidade cujo nome era Ostara. O coelho era símbolo do culto a essa deusa, posto que, passado o inverno e tendo início o período da Primavera (estação que simboliza o “renascimento”, a floração, a fertilização), os coelhos eram, com frequência, os primeiros a saírem de suas tocas e começarem a reproduzir-se. Aos coelhos, símbolos de Ostara, as tradições rituais germânicas associaram a prática de entrega de ovos de aves pintados com tintas para as crianças. Essa prática valia-se do subterfúgio da “caça do coelho”. No momento em que iam caçar os coelhos, as crianças encontravam, escondidos nos campos, os ovos adornados. A cidade de Ostereistedt, na Alemanha, leva esse nome em razão da referência a essa prática. No período da Idade Média, o culto à Ostara e à estação da Primavera logo passou a ser associado à Ressurreição de Cristo, em face da cristianização dos povos bárbaros. No entanto, a assimilação do mito germânico pelo cristianismo não implicou a abolição total dos ritos a ele associados. A prática da entrega de ovos passou a ser relacionada, portanto, à Páscoa, e não mais à deusa Ostara. Com a leva de migrações alemãs para o continente americano, essa prática generalizou-se. Os mais antigos registros sobre a lenda alemã do coelho que traz os ovos para as crianças datam de 1678.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

A VIDA VIVIDA E RESPEITADA

A Vida é uma bênção de Deus, uma oportunidade, um bem supremo. Ela deve ser bem vivida, conservada, cuidada e amada. A primeira vida que temos o dever de respeitar é a nossa. Ao menos enquanto vivermos na terra, vivemos em um corpo. O corpo, segundo o apóstolo Paulo, é o templo do Espírito. É preciso cuidar dele, pois se trata de uma obra de Deus. Assim, o suicídio é uma enorme ingratidão para com o Criador. Mas devemos entender o suicídio não só como o ato violento e repentino de exterminar a própria vida. O suicídio pode ser lento: a bebida, a droga, o excesso de comida podem tornar-se uma forma de buscar a morte aos poucos. O suicídio muitas vezes, porém, pode ser buscado por indivíduos que não estão mentalmente saudáveis. Depressão ou outras formas de doenças psíquicas podem levar as pessoas ao suicídio. Por isso devem ser tratadas e observadas. E a vida do outro? Você se lembra do sexto mandamento de Deus, que diz, simplesmente, “não matarás”? Não há referência a nenhuma condição: “se”, “quando”, “depende das circunstâncias”. Ele é taxativo, absoluto. Pode significar que jamais devemos tirar a vida de alguém, em nenhuma situação. E por que “pode significar”? Como já vimos nas aulas 06.056 – DEZ MANEIRAS DE SER BOM e também em 07.057 – ENTENDENDO OS MANDAMENTOS, as religiões discutem esse preceito de maneira não muito rígida. Muçulmanos, Católicos, Protestantes e Judeus, por exemplo, podem considerar necessário matar em certas situações, como numa guerra ou para se defender de um ataque. A Igreja Católica pondera que não há culpa em matar em legítima defesa. Alguns cristãos, hindus e budistas, ao contrário, afirmam que em nenhuma circunstância se deve matar: é preferível morrer. Sócrates, Jesus, Gandhi e Martin Luther King deram exemplos sobre isso. Seja como for, a vida do próximo nos é tão sagrada quanto a nossa própria. Isso ninguém discute. Do mesmo modo, devemos respeitar a vida da natureza. Plantas e animais, mares e florestas – Tudo está animado de uma vida intensa e fecunda, e não temos o direito de destruí-la nem de prejudica-la.

DIGA NÃO AO ABORTO!

O VALOR DE UMA VIDA Na Praia a menina Achou uma concha, Uma conchinha lindinha De arrepiar No dia seguinte, As suas amigas Daquela conchinha Iriam gostar. Mas dentro da concha Havia um bichinho, Vivo, vivinho, A respirar. “Se eu levo essa concha”, pensou a menininha, “a vida do bicho vai se acabar”. “Se eu levo essa concha o bicho não vive, mas minhas amigas vão me elogiar.” “Se eu levo essa concha, se eu mato esse bicho, com esse elogio, eu vou me alegrar?” “Se eu deixo a conchinha se eu salvo uma vida ninguém vai saber, mas eu vou gostar.” Então a menina, Com muito cuidado, Deixou a conchinha Nas águas do mar... (Poema de Pedro Bandeira, extraído de: Pedro Bandeira e Márcia Kupstas. Coração de Criança – O Livro dos Bons Sentimentos. São Paulo/Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.) Uma das questões mais polêmicas da atualidade é a do aborto. Hoje são realizados, no mundo, 40 milhões de aborto por ano. No século XX, essa prática foi legalizada em muitos países; em outros, a lei continua proibindo a interrupção da gravidez. Em outros, ainda, como é o caso do Brasil, o aborto é permitido apenas em circunstâncias especiais (quando a gravidez põe a vida da mulher em risco ou quando é resultado de estupro). A maioria das religiões é contrária ao aborto, pois se trata de um desrespeito a uma vida que se inicia. Mas, dentro das próprias religiões, a questão é controvertida: há os que são contra e os que são a favor. No Brasil, as duas religiões mais combativas contra o aborto são a católica e a espírita. Elas consideram crime grave diante de Deus tirar a vida de um feto. Para ambas as correntes, a vida começa no momento da concepção – e matar um ser inocente e indefeso, ainda no ventre da mãe, é algo inadmissível. Houve um médico norte-americano, antes favorável ao aborto, que mudou de opinião. Veja parte de seu testemunho a respeito: Eu sou pessoalmente responsável por 75 mil aborto. Isso me credencia a falar com autoridade sobre o assunto. Fui um dos fundadores da NARAL (National Association for the Repeal of th Abortion Laws – Associação Nacional pela Anulação das Leis Antiaborto), nos EUA, em 1968. Nessa época, uma confiável pesquisa de opinião apontou que a maioria dos americanos era contra a liberação do aborto. Em cinco anos, convencemos a Suprema Corte a aprovar a decisão que legalizou o aborto nos EUA em 1973, inclusive até o momento anterior ao nascimento. Como fizemos isso? É importante entender as táticas utilizadas, pois são as mesmas que tem sido usadas em todo o Ocidente, com algumas pequenas mudanças, sempre com o intuito de mudar leis antiaborto. A PRIMEIRA TÁTICA → foi ganhar a simpatia da mídia. Nós convencíamos os meios de comunicação de que lutar pela liberação do aborto era uma causa liberal, esclarecida e sofisticada. Sabendo que uma pesquisa séria havia sido feita, o que muito nos prejudicaria, nós simplesmente fabricamos resultados de pesquisas fictícias. Anunciamos aos meios de comunicação que pesquisas por nós conduzidas mostravam que 60% dos americanos eram favoráveis à liberação do aborto. Essa é a tática da mentira bem fundamentada. Poucas pessoas gostam de fazer parte da minoria. (...). A SEGUNDA TÁTICA → foi atacar a Igreja Católica. Nós a difamamos e classificamos suas ideais de “socialmente retrógrados”, colocando as autoridades católicas como o vilão que se opunha ao aborto. Esse tema foi exaustivamente explorado. Nós divulgávamos à mídia mentiras tais como: “todos sabemos que a oposição ao aborto vem das autoridades religiosas e não da maioria dos católicos” e “pesquisas comprovam que a maioria dos católicos querem uma reforma na lei contra o aborto”. E a mídia repetia tudo isso, convencendo os americanos de que qualquer um que se opusesse à liberação do aborto deveria está sobre a influência das autoridades católicas, e que os católicos favoráveis ao aborto são esclarecidos e progressistas. Como consequência dessa tática, não havia nenhum grupo não católico que se opusesse ao aborto. O fato de que havia outras religiões, cristãs e não cristãs que eram (e ainda são) definitivamente contra ao aborto foi sistematicamente escondido, assim como a opinião de ateus pró-vida. A TERCEIRA TÁTICA → era denegrir e suprimir toda evidência de que a vida se inicia na concepção. Muito me perguntam o que me fez mudar de pensamento. Como passei de destacado defensor do aborto a advogado pró-vida? Em 1973, tornei-me diretor de Obstetrícia de um grande hospital na cidade de Nova Iorque e tive de iniciar uma unidade de pesquisa pré-natal, a fim de desenvolver uma nova tecnologia que hoje nos permite estudar o feto no útero. Uma das táticas pró-aborto favoritas é insistir que é impossível definir quando a vida se inicia; que essa questão é teológica, moral ou filosófica, e não científica. A fetologia, ramo da obstetrícia que estuda o feto, tornou inegável a evidência de que a vida se inicia na concepção e requer toda proteção cuidado que qualquer um de nós necessita. Por que então, vocês podem perguntar, alguns médicos americanos, cientes das descobertas da fetologia, desmoralizam a si mesmos fazendo abortos? Simples aritmética: a US$ 300 cada, 1,55 milhão de abortos somam US$ 500 milhões anuais, a maior parte dos quais vai para o bolso dos médicos que faz o aborto. É claro que a liberação do aborto é claramente a destruição do que é, inegavelmente, uma vida humana. É um inadmissível ato de violência. (...) (Extraído de: Dr. Bernard Nathansen. “Confissões de um ex-abortista”, www.aboutabortions.com. Traduzido para fins didáticos.)

AMIZADE É PARA SEMPRE?

Ninguém vive sem amigos. Em todas as sociedades, em todos os tempos, a amizade tem sido considerada um valor essencial, pois todo ser humano precisa de alguém em que possa confiar, para quem confidenciar problemas e partilhar alegrias... Mas será que todo mundo sabe ser amigo? Será que é fácil encontrar um bom amigo? Será que um amigo dura para sempre? Como se rompe uma amizade? BEBENDO NA FONTE GREGA A AMIZADE DO FILOSÓFO Aristóteles, em sua obra-prima Ética a Nicômaco,, defendeu a amizade como uma virtude. (...) cabe-nos examinar a natureza da amizade, pois ela é uma forma de excelência moral ou é concomitante com a excelência moral, além de ser extremamente necessária na vida. De fato, ninguém chega a viver sem amigos, mesmo dispondo de todos os outros bens. (...) os amigos estipulam as pessoas na plenitude de suas forças a práticas de ações nobilitantes (...). Quando as pessoas são amigas, não têm necessidade de justiça, enquanto mesmo quando são justas elas necessitam de amizades; considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma disposição amistosa. E a amizade não é somente necessária; ela também é nobilitante, pois louvamos as pessoas amigas de seus amigos, e pensamos que uma das coisas mais nobilitantes é ter muitos amigos; além disso, há quem diga que há bondade e a amizade se encontram nas mesmas pessoas. (Aristóteles, Ética a Nicômaco, 1115 a, Livro VIII, 1. Brasília: Ed. Da UnB, 1999.) UM AMIGO DE VERDADE Há muitas coisas que podem ser ditas a respeito da amizade verdadeira. Amigo é aquele que se preocupa com a felicidade do outro, com sua saúde, com sua realização. Amigo é aquele que nunca trai a confiança, sempre está por perto, na alegria e na dor. O amigo não conta fofoca a respeito do amigo; não sente inveja se o outro ganhou, comprou ou conseguiu alguma coisa que ele não tem; não guarda mágoa. O amigo alegra-se conosco, sofre conosco e sabe perdoar. Amigo não é só companhia para a diversão. Às vezes, as pessoas confundem as coisas, achando que amigos são aqueles que com elas saem para passear e se divertir. Mas, na hora de uma necessidade, a gente vê que nem sempre os companheiros de farra são os que estão do nosso lado. Será que amigos só são pessoas da mesma idade, que se encontram entre colegas de estudo, de trabalho, de diversão? Não só. Pais, irmãos, avós, professores podem ser grandes amigos. Geralmente, acha-se que amigo é uma coisa, família é outra. Não é verdade. Uma das maiores felicidades é quando conseguimos ter felicidade íntima com as pessoas com quem convivemos todos os dias: significa ter confiança para trocar confidências dentro da própria família e conversar sobre os assuntos que nos afligem ou nos alegram. Isso depende muito da atitude que os mais velhos têm. Se eles só sabem gritar ou punir, fica difícil o filho ou o aluno se abrir e confiar. Mas o adolescente e o jovem também podem tentar um diálogo amistoso para criar uma relação de confiança e carinho. Também acontece de alguém procurar companhias apenas para apoiar suas fraquezas. Há gente que acha que só é amigo quem concorda com tudo. Quem quer amigo assim, não quer amizades, quer bajulação. Amigos podem e devem dar bons conselhos, quando preciso, e ficar preocupados quando o outro está enveredando por um caminho errado. Por isso, às vezes, alguns jovens não gostam de ter amizade com os mais velhos, pois sabem que receberão conselhos que às vezes não querem ouvir. Uma pergunta surge no coração das pessoas: a amizade um dia acaba? Quem já foi nosso verdadeiro amigo um dia poderá deixar de ser? Amizade verdadeira nunca acaba, popis não deixamos de gostar de alguém. Se acabar, é porque não era amizade. Se alguém trair, ferir, desrespeitar gravemente um amigo é porque nunca foi amigo de fato. Os caminhos da vida é que podem afastar os amigos. Mudanças de cidade, de país, de rumos profissionais, questões familiares, a correria do mundo contemporâneo – Tudo isso pode distanciar quem se gosta. Mas não é que amizade tenha acabado. Quando há um reencontro, tudo pode continuar como antes. E a alegria pode redobrar por ter novamente próximo alguém que a vida havia afastado. Jesus deu um dos maiores testemunhos de amizade que já se viu. Na última ceia, antes de ser crucificado, quando estava se despedindo dos amigos, falou sobre seu amor por eles.. Eis o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida por aqueles a quem ama. Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo permanece na ignorância do que faz o seu senhor; chamo-vos amigos, porque tudo o que ouvi do meu Pai vo-lo fiz conhecer. (João 15.12-17. Tradução Ecumênica da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola e Paulinas, 1996.)

NAMORO OU AMIZADE?

É possível que pessoas de sexo diferentes sejam amigas, sem que a amizade se torne paquera ou namoro? E no namoro e no casamento, homem e mulher podem ser também amigos? Já passou o tempo em que se achava que homens e mulheres não podiam ter amizade sincera sem que surgisse alguma coisa a mais. É perfeitamente possível uma amizade entre os dois sexos. O que diferencia a amizade de algo a mais é que, quando se quer namorar, a relação torna-se mais profunda, mais exclusiva (as duas pessoas querem ficar sozinhas uma com a outra), e também dá vontade de ter mais intimidade física. Mas, se é possível ser amigo sem namorar, também não é bom namorar ou casar com alguém sem ter uma grande amizade. Isto é, na relação entre homem e mulher, não basta estar apaixonado ou sentir atração física; é preciso haver amizade: gostar de estar junto, de conversar, não esconder segredos. É justamente a amizade que mantém a união profunda entre o casal. PARA QUE SERVE O NAMORO? Há algumas décadas atrás, no tempo de nossos avós, o namoro era um período de convivência, conhecimento e preparo para um relacionamento mais profundo e, se fosse o caso, para o casamento. Ou seja, o namoro quase nunca envolvia intimidade física. Namorar era ter uma relação leve, com muito romantismo. Relacionar-se sexualmente seria um tremendo compromisso entre dois jovens. Na maioria das famílias, era questão de honra que a moça se casasse virgem. Com os rapazes havia mais liberdade, porque era uma sociedade muito machista: em relação ao sexo os direitos do homem e da mulher não eram iguais. A partir da década de 1960, as mulheres começaram a ter maior liberdade sexual, a exemplo dos homens, o que é positivo. Mas, hoje em dia, o sexo começa cada vez mais cedo e com menor compromisso. Muita gente pensa que o namoro, seja em que idade for, deve vir acompanhado de sexo. Tornou-se quase uma vergonha um adolescente – menina ou menino – dizer que ainda não “transou”. Isso não é bom, pois os jovens se sentem pressionados a precipitar-se em uma experiência sexual para a qual não estão preparados. É preciso refletir sobre esse assunto, pois não é nos extremos que está a virtude. Se não era aquele radicalismo dos tempos dos nossos avós, hoje também há problemas, gerados pela excessiva liberdade. Quando o adolescente já “experimenta” de tudo desde cedo, as coisas vão perdendo a graça, o romantismo, o momento certo... Psicólogos e pedagogos são unânimes: muitas vezes a pessoa pode estar madura fisicamente para iniciar-se sexualmente e até ter um filho, mas pode não estar madura emocionalmente. O que significa maturidade nesse caso? É saber que ter um relacionamento sexual com outra pessoa é um ato de compromisso e de amor, que envolve responsabilidade por si mesmo e pelo outro. É preciso ter respeito pelo próprio corpo, com todos os cuidados para manter a saúde. É preciso, também, ter respeito pelo corpo do outro, preocupando com seu bem-estar. E ainda levar em conta os próprios sentimentos e os sentimentos do outro. Acima de tudo, é necessário saber que, para namorar e mais tarde casar, é importante que existam muitas afinidades, muito amor, muito companheirismo, muita vontade de estar junto, muitos ideais partilhados. Só assim o relacionamento será feliz, produtivo e duradouro. Num relacionamento assim, o sexo é uma parte importante, mas não é a principal. Quando a gente escolhe alguém mais pela atração física, depois enjoa e escolhe outro, e depois outro e ainda outro, acaba sem saber de fato o que é um relacionamento maduro, sólido e feliz.

AS VIRTUDES DE CADA DIA

Dizer “obrigado”, “por favor”, ser amável, ficar agradecido, ser generoso, agir com honestidade em qualquer circunstância... Essas atitudes podem parecer coisa fácil ou de pouca importância, mas se relacionam com virtudes essenciais para amarmos o próximo e vivermos bem. Para comprovar isso, basta pensar no seguinte: já usaram de grosseria com você, já mentiram, já lhe negaram um favor simples? Você se sentiu magoado ou ferido? Então, lembre-se da máxima “não faça aos outros o que não quer para si mesmo” e verá a necessidade de cultivarmos no dia a dia as virtudes de que falaremos a partir de agora. A GRATIDÃO A gratidão é uma forma de justiça, pois se trata, em primeiro lugar, de reconhecer um bem que alguém nos fez. Mas vai além da justiça, porque deve partir de um sentimento bom e bonito, que nos faz querer bem ao outro e retribuir na medida do possível o que dele recebemos. Demonstrar gratidão não é apenas dizer “obrigado”, “grato”, “agradecido”, “Deus lhe pague”. Ela está além das palavras; deve ser sentimento e ação, espontaneidade e dever. Gratidão a quem? Em primeiro lugar a Deus, se nEle acreditamos, pois Ele nos criou, nos deu vida, nos ama e vela por nós. Gratidão a nossos pais, que nos deram a vida do corpo e muito mais: o amor, a instrução, a presença... até mesmo aos maus pais devemos ter gratidão pelo nosso nascimento. Além da gratidão a Deus e a nossos pais, devemos ter gratidão a quem nos ensina, a quem nos quer bem, a quem nos ajuda, a quem, pelo nosso bem-estar e nossa felicidade. BEBENDO NA FONTE CRISTÃ Infelizmente, a gratidão é um sentimento bem, raro entre os seres humanos, que muitas vezes se esquecem dos benefícios recebidos. Esta passagem do Evangelho de Lucas conta como nem sempre as pessoas ajudas por Jesus mostravam sua gratidão: Ora, como Jesus caminhasse para Jerusalém, passou através da Samaria e da Galileia. Ao entrar numa aldeia, dez leprosos vieram ao seu encontro. Eles paravam a distância e elevaram a voz para lhe dizer: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós”. Vendo-os, Jesus lhe disse: “Ide mostrar-vos aos sacerdotes”. Ora, enquanto iam, foram purificados. Um dentre eles, vendo que estava curado, voltou dando glória a Deus em alta vozes. Lançou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, rendendo-lhe graças; ora, era um samaritano. Então Jesus disse: “Acaso os dez não foram todos purificados? E os outros nove, onde estão? Não se achou ninguém entre eles para voltar e dar glória a Deus a não ser este estrangeiro!” E Ele lhe disse: “Levanta-te, vai. A tua fé te salvou”. (Lucas 17.11-19. Tradução Ecumênica da Bíblia. São Paulo: Edições Loyola/Paulinas, 1996.)